sábado, 4 de outubro de 2008

Carta Programa

Apresentamos abaixo nossa Carta Programa. Nesses cinco textos que a compõem, tentamos expor a síntese do amplo processo de discussões que foi a formação desta chapa, a partir das visões de mundo, posturas e experiênicas que construímos ao longo do tempo. Lembrando que uma Carta Programa é um documento importantíssimo, pois é a partir dele que se dá a relação entre os estudantes e a diretoria da entidade, que pode e deve ser cobrada no sentido de cumprir o que ali se propõe.
Convidamos a todos que leiam e debatam essas idéias (lembrando que na próxima terça-feira, no horário do almoço, haverá debate com a chapa no CAASO) e que, caso concordem com elas, votem nas eleições (dias 7, 8 e 9 próximos, no CAASO).

Apresentação

Esta Carta-Programa tem o intuito de ampliar e aprofundar as discussões lançadas pelo nosso Manifesto de Apresentação. Iniciamos com uma breve explicação sobre a organização que estamos propondo para a diretoria do CAASO em nossa gestão.

Vemos que tanto a estrutura de cargos específicos (como coloca o atual estatuto) quanto a de núcleos (prática nas três últimas gestões), trazem deficiências. A primeira por ser hierárquica e fragmentada, e a segunda por tender à especialização e à falta de comunicação entre os diretores. Defendemos um funcionamento democrático e eficiente para diretoria do CAASO, mas essa pretensão deve se materializar numa organização.

Tendo em vista estas premissas e constatações, propomos uma estrutura realmente horizontal e coletiva, definindo como cargos apenas aqueles legalmente necessários. Em contraposição à rigidez e à especialização temática dos núcleos, nos organizaremos em frentes de trabalho, criadas de acordo com as demandas reais de cada momento e de cada atividade desenvolvida pelo CAASO.

Entendemos que essa organização seja mais realista, democrática e eficiente. Mas apenas a estrutura e a idéia não garantem nada. Temos de estar sempre atentos aos princípios que nos guiam e abertos a críticas e propostas. Algo fundamental pra isso é publicizar as reuniões, debates e decisões da diretoria, tornando nosso trabalho mais transparente e efetivo.

Em complemento a isso, é essencial que a diretoria tenha uma prática de contato e diálogo diretos com os estudantes, e pra isso vemos como bons instrumentos a passagem em salas e a existência de boletins informativos (impressos e eletrônicos), levando informações e debates que de outro modo não chegariam a todos e que podem, em reciprocidade, retornar ao CAASO na forma de maior participação ou novas propostas.

O espaço e o papel sócio-cultural do CAASO

Entendemos o espaço do CAASO como um lugar de integração social e de produção cultural num sentido amplo e não somente dos estudantes, mas de toda a cidade de São Carlos e da sociedade, o que condiz com a idéia de Universidade Pública. Cremos também que o Centro Acadêmico deva promover e apoiar atividades que propiciem aos estudantes a integração com a cidade para além dos limites impostos pelas grades verdes. Ou seja, o espaço do CAASO deve ser um espaço da cidade e a cidade um espaço dos estudantes. Entretanto, talvez as maiores barreiras a serem vencidas não sejam as grades físicas, mas as que sua presença naturaliza e que se fazem presentes em nossa subjetividade.

Pensando o CAASO como um espaço aberto a manifestações sócio-culturais mais diversas, incentivaremos a constituição de um espaço de intercâmbio e diálogo cultural entre os diversos grupos ou atividades existentes no campus e destes com os coletivos e movimentos culturais da cidade. Dentro dessa perspectiva, pretendemos resgatar o caráter de movimento idealizado para o MACACO (Movimento Artístico e Cultural do CAASO), objetivando que sua semana não seja um evento desconexo no contexto do campus, mas um processo de construção coletiva de conhecimentos e experiências culturais com atividades distribuídas ao longo do ano, incentivando a participação dos estudantes e pessoas da cidade.

Outro aspecto importante é apoiar os grupos já existentes na universidade e os que possam se formar fomentando a relação deles com outros grupos e pessoas da cidade. Também é importante se discutir coletivamente o papel desses grupos e pensar diretrizes para eles, para que todos os estudantes tenham clareza do que é desenvolvido em cada um deles e de como podem participar.

O espaço do CAASO e o uso que se faz dele tem, dentro dessas perspectivas, uma grande importância para a construção de nossas visões e experiências de mundo. Portanto, isso nos coloca grandes potenciais e ao mesmo tempo grandes responsabilidades quanto às diretrizes para esse uso. É preciso construir diretrizes encarando-as para além de regras formais para realização de festas, levando-se em consideração a proposta sócio-cultural das atividades e a destinação de eventuais lucros (sobretudo em se tratando de grandes montantes, cujo direcionamento deveria ser discutido abertamente com os estudantes do campus), já que o espaço público do CAASO não deve servir para acúmulo de lucros ou benefícios privados. A partir desses princípios, também se faz necessário coibir quaisquer ações que possuam caráter homofóbico, machista ou outra forma de humilhação e preconceito.

Outro momento importante para o desenvolvimento de atividades sócio-culturais é a Semana do Bixo, em que os calouros têm seu primeiro contato com o Centro Acadêmico, o que talvez seja determinante para a relação que eles manterão com o CAASO e com a universidade ao longo do curso. Sendo assim, consideramos que sua construção deva ser feita em conjunto com as Secretarias Acadêmicas e quem mais se interessar, e que a semana deva promover atividades que contribuam para a sociabilidade entre os estudantes e para o desenvolvimento de uma visão crítica acerca da realidade que nos cerca.

A gestão do Centro Acadêmico

Não raro diretorias dizem que a administração do CAASO exige grandes conhecimentos e habilidades, de forma a desqualificar ou desestimular novas chapas e propostas. É dever de qualquer diretoria bem administrá-lo e conhecemos as dificuldades existentes. No entanto, deve-se ter claro que o CAASO não tem como finalidade se administrar, mas tem em sua boa gestão um meio para concretizar suas políticas.

Seria ideal que o CAASO se financiasse direta e voluntariamente pelos associados por ele representados e que nele acreditam, sem necessitar de subterfúgios ligados ao uso de seu espaço (como lucro de festas ou arrendamentos), transformando-o em serviço e colocando-o à venda. No entanto, reconhecemos também que essa política de financiamento deve ser construída, e que são muito importantes os atuais recursos da anuidade (carteirinha) e de seus espaços alugados. Propomos construir uma política de auto-financiamento do CAASO, incentivando estudantes e ex-estudantes do campus que reconhecem sua importância a contribuírem também financeiramente com a entidade, e pensar a anuidade não como pacote de benefícios, mas como parte dessa contribuição voluntária.

Reconhecemos a importância dos arrendamentos também por eles fazerem parte do convívio social e prestarem serviços essenciais à comunidade do campus. Assim, devemos garantir que essas atividades se dêem de forma acessível à comunidade e com qualidade e pensar nas condições dos que neles trabalham.

Quanto às dificuldades administrativas do Colégio, devem ser pensadas estratégias para que ele se auto-financie, sem transferir recursos do colégio para outras atividades, mas também evitando que a diretoria dispenda recursos extras nele, prejudicando a execução das demais políticas e ações da entidade, ou pior, deturpando a proposta política ou cultural das atividades com uma desculpa financista.

Por fim, e acima de tudo, defendemos que diretorias, SAs e grupos devem ser transparentes e prestar contas de suas atividades no CAASO.

O CAASO e o Movimento Estudantil

O movimento estudantil nos remete a diversos grandes momentos históricos e políticos. Mas isso muitas vezes nos distancia de sua realidade concreta: estudantes em movimento, agindo enquanto atores de tranformações sociais. Seu caráter está diretamente ligado a sua organização e sua atuação, e ele se efetiva enquanto tal quando o caráter crítico e não alheio à sociedade se organiza coletivamente e das formas mais democráticas possíveis. Essa organização, que historicamente se dá pelas entidades estudantis, é fator importante para a construção unitária e efetiva do movimento.

Por isso, entendemos que é importantíssimo o papel do CAASO para organizar democraticamente o movimento estudantil e fomentar o espírito crítico que permita aos estudantes do campus se entenderem como parte do movimento social pela educação, tendo nesta sua pauta central, mas dialogando necessariamente com diversas outras questões da sociedade. Dessa forma, tem de ter uma forte articulação com as demais instâncias do movimento estudantil da USP, de outras universidades e com outros setores ligados à defesa da educação pública, gratuita, de qualidade e referenciada socialmente.

Da mesma forma que tem de estar articulado para fora, tem de entender e potencializar a realidade específica em que se insere. Essa realidade coloca o CAASO como entidade que reúne e representa todos os estudantes do campus, e assim uma grande responsabilidade sobre a diretoria no sentido de cumprir esse papel. Ao mesmo tempo, tem na existência e atuação das SAs um elemento fundamental para complementar e potencializar as ações do movimento estudantil do campus.

Entendemos as SAs, portanto, como entidades estudantis legítimas, autônomas e complementares às funções do CAASO, sendo assim fundamental uma construção conjunta das pautas diversas. Ao mesmo tempo, as próprias SAs precisam se entender enquanto tal, consolidando sua organização e divulgando seu papel junto aos estudantes por ela representados. Pretendemos valorizar e consolidar o Conselho de Secretarias Acadêmicas (CSA) como espaço legítimo do movimento estudantil do campus, mas tendo como complemento o diálogo cotidiano da diretoria com as SAs, numa colaboração recíproca.

Aqui se faz necessário também definir claramente o papel dos Representantes Discentes nos órgãos colegiados da universidade. Como representantes do coletivo estudantil, sua atuação deve estar pautada pelas discussões e decisões dos fóruns do movimento (assembléias, conselhos de entidades, reuniões de diretorias do CAASO e das SAs). Portanto, sua participação em todos esses espaços também é fundamental.

Como novos instrumentos para atingirmos a organização desejada, propomos a constituição de um fórum entre as entidades estudantis de São Carlos, potencializando assim a atuação coletiva das entidades e movimentos na cidade. Pretendemos também organizar um Congresso dos Estudantes do Campus, como um espaço de formação amplo e democrático, e que tenha o intuito de aprofundar nossas diretrizes e formas de organização, além de somar na construção cotidiana do CAASO.

Da universidade que temos à universidade que queremos

A inserção social da instituição “Universidade” implica em responsabilidades inerentes a sua condição. Quando “Pública”, pressupõe-se não somente ser financiada pelo Estado, mas também que deva atentar à forma como se dá essa inserção, no sentido de orientar suas atividades de ensino, pesquisa e extensão para as reais necessidades da população e garantir a esta seu direito à educação.

Sua situação atual, no entanto, carrega muitas deficiências e contradições: enquanto o ensino é garantido apenas a uma pequena parcela da população, por meio de processos excludentes onde muitas vezes o fator econômico é determinante, os rumos da pesquisa em geral não se referenciam na realidade social brasileira. E o que deveria ser extensão são iniciativas desconexas, na maioria das vezes “assistencialistas” (servindo para divulgar uma pretensa “responsabilidade social” da universidade) ou “privatistas” (na forma de consultorias prestadas a grandes empresas por professores que se utilizam da infra-estrutura pública para auferir ganhos particulares, o que institui um nocivo ambiente de competição entre os docentes, quebra a igualdade de salários entre os mesmos e não retribui em quase nada para a universidade).

Isso tudo acontece porque a universidade está aprisionada por aqueles que ganham com essa situação. E isso deve ser revertido. Ela precisa se democratizar, em todos os sentidos, e voltar a se entender como um grande espaço de formação. Precisa debater como ampliar o acesso a ela e ao conhecimento aqui produzido; garantir o direito de se manter na universidade para o estudante que necessita; revalorizar o ensino pensando-o de maneira integrada à pesquisa, à extensão, à prática profissional e a uma reflexão crítica sobre si mesmo e sobre a sociedade. Nesse sentido, defenderemos as políticas e propostas pontuadas abaixo.

Ensino e formação:
  • Pela valorização do ensino de graduação na USP, através de maior peso das atividades de ensino nos processos de contratação e avaliação de docentes;
  • Que o ensino não se dê de forma autoritária ou tecnicista, contemplando uma relação construtiva entre estudantes e professores, bem como o incentivo a reflexões e posturas críticas acerca do conhecimento, da sociedade e da atuação profissional;
  • Que as atividades de pesquisa e extensão sejam incorporadas e valorizadas nos currículos e projetos pedagógicos dos cursos, bem como uma nova relação com a prática através do contato com as diversas possibilidades de atuação daquele profissional-cidadão;
  • Apoio para que as SAs debatam as estruturas curriculares e projetos pedagógicos dos cursos;
  • Incentivo à criação de um “Grupo de Extensão do CAASO”, que promova debates e atividades sobre o tema, unificando e potencializando iniciativas na área;
  • Construção de uma “Semana sobre Ensino e Formação”, com participação de estudantes, professores, funcionários e setores da sociedade ligados ao tema.
Política de permanência estudantil e Alojamento:
  • Construção de uma real política de permanênica para a USP;
  • Manutenção da Comissão Paritária de Permanênica do campus, e que esta tenha um papel propositor e fiscalizador das políticas;
  • Ampliação do número de vagas na moradia de modo a atender à demanda existente e futura, com o direcionamento dos recursos hoje aplicados em bolsas auxílio-moradia para a construção de novos blocos;
  • Ampliação das relações do CAASO com a Auto-gestão Estudantil do Alojamento;
  • Garantia das conquistas do movimento estudantil quanto ao bandejão, transporte para o campus 2 e novo bloco de moradias.
Campus 2 e expansão de vagas:
  • Que a expansão das vagas e a criação de novos cursos estejam submetidas a uma política que garanta o planejamento e os investimentos adequados;
  • Elaboração de um verdadeiro Plano Diretor para o campus 2, que garanta a ampla participação estudantil e de toda a comunidade interna e externa à USP;
  • Garantia de áreas para a construção do Centro de Vivência (CAASO no campus 2) e do Alojamento, com projetos elaborados com participação estudantil;
  • Ampla acessibilidade ao campus, compreendendo os circulares entre os campi, linhas de ônibus urbanos, ciclovias internas e o livre acesso da população a suas áreas públicas;
  • Defesa de que todas as Secretarias Acadêmicas tenham áreas de uso junto aos prédios de seus cursos.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Plenárias e propostas

Essa semana estamos iniciando uma série de atividades de campanha. Essas atividades tem por objetivo, tanto divulgar a chapa e as eleições para o CAASO, quanto promover o debate franco e direto da chapa com os estudantes, conseguindo assim uma aproximação entre as partes.
Para promover o dito debate, estamos convidando todos os estudantes para o que chamamos de plenárias, que serão reuniões abertas, onde estaremos expondo as nossas propostas e visões do CAASO e de todas as questões que nos cercam. Também estaremos abertos a exposição de idéias dos estudantes que tiverem interesse em colocar algo.
Nesse sentido, iremos soltar após as plenárias a nossa carta proposta, contendo o acúmulo total do processo. Essas propostas estarão disponíveis no blog da chapa e serão panfletadas como foi o manifesto.


Seguem os horários das plenárias:

- Terça-feira (30/09):
IQSC a partir das 12:30

- Quarta-feira (01/10):
Bloco didático do Campus 2 a partir das 12:30
IFSC a partir das 18h